nº02

belo horizonte, mg, brasil | ano 1 | nº 02 | de 22 a 28 de junho de 2015
HUMOR DE PRIMEIRA, TODA SEGUNDA
PARTICIPAM DESTA EDIÇÃO:
Amorim | Angelo Machado | Aragão
Balmaceda Parker | Batista | Boligán
Lor | Lute | Racy | Sete


PÍLULAS DE HUMOR
Uma bomba de efeito moral acabou com a bacanal.
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Com a crise em Jerusalém, Pôncio Pilatos lavou as mãos com água mineral.
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Finalmente descobriram porque ele era tão feio: como o menino nasceu morto a mãe criou a placenta.
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Quem muito vive, muito aprende, mas se viver demais esquece tudo.
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Ela recebeu a cantada mais bonita do mundo: ele era tenor.


A ESFINGE E A ARAPUCA


Balmaceda Parker(*)

Reza a boa Geometria que a reta é o caminho mais curto entre dois pontos. A menos, é claro, que você seja o poeta Quintana e prefira a curva, por considerá-la o caminho mais agradável.
Ou que você esteja em um shopping.
Sim, porque a arquitetura de qualquer shopping center é concebida para se contrapor a esse preceito geométrico milenar. É tudo feito para que você sempre tenha que cruzar todo o 3º piso e ir pegar a escada rolante que fica na extremidade oposta, para ir do cinema à praça de alimentação mais próxima, se quiser fazer um simples lanche depois do filme.
Se você quer comparar os preços de uma blusa da loja âncora A com os da loja âncora B, também não tem saída: terá que subir ou descer três pisos usando escadas rolantes que não se bicam e só se comunicam por satélite.
E se os preços da loja A se comprovarem mais baratos, a economia que você faria se perderá toda na sola de sapato que você gastou no percurso de ida e volta.
Fora o tempo que você gastou entrando em três outras lojas no caminho para comprar artigos que, apesar de não estarem em sua previsão original de gastos, estavam tão bonitinhos na vitrine...
Outra coisa que nos toma tempo em shopping é que a gente perde a noção do tempo. Principalmente porque nenhum shopping tem relógio – a não ser nas vitrines das relojoarias, talvez...
Como a maioria dos shoppings também não tem janelas para o mundo exterior, depois de algum tempo circulando lá dentro a gente já nem sabe se ainda é dia ou se já é noite.
Com tantos aparentes erros de projeto, a gente logo tende a pensar que arquitetos são uns incompetentes, não têm senso prático ou que mataram as aulas de Geometria na faculdade.
Mas não é nada disso, claro: eles sabiam muito bem o que estavam fazendo, quando desenvolveram essa estética arquitetônica que combina labirinto com arapuca e lá nos aprisiona por horas, até que, se os deuses derem bom tempo, decifremos o enigma proposto pela esfinge e consigamos descobrir em qual setor do estacionamento deixamos o nosso carro.
O conceito é bem simples: quanto mais você bate perna, mais você é vulnerável aos apelos ao consumo. E funciona – está provado.
Não é à toa que, de vez em quando, alguém fica preso num shopping porque circulou tanto que ficou tonto e não consegue mais achar a saída.
Outro dia, estava numa loja de eletrônicos em um shopping quando entra um cidadão, visivelmente em choque, agarra-se a um vendedor e pergunta, desesperado:
- Vocês têm GPS?!...
Não era um cliente: era só mais um desnorteado consumidor tentando ir pra casa, coitado...

(*) Técnico em Edificações, com especialização em Lógica Aplicada pela Escola Superior de Geometria Escheriana, Nadaveer, Holanda.










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